terça-feira, 11 de maio de 2010
Contaminação é coisa do passado
"Se conseguirmos trabalhar corretamente, a cada dia, vai melhorando a competitividade. Assim, vamos ter preço nivelado com o da agricultura convencional" - Pedro Oda, produtor de morango natural, em Cambuí
Carlos Martins: “Nunca mais planto na forma convencional”
“Eu estava doente de tanto manipular agrotóxico. Minha família estava doente. Eu só gastava dinheiro. Estava desanimando com a lavoura. Foi aí que um amigo me convidou para conhecer a agricultura natural e eu gostei, porque não queria mais usar veneno." Esse é o testemunho do agricultor José Batista Campos em palestra na Epamig, na tentativa de sensibilizar seus colegas a romper com as mesmas dificuldades que, um dia, ele decidiu deixar para trás. Líder de sua região, Maria da Fé, no Sul de Minas, a 467 quilômetros de Belo Horizonte, José Batista, católico convicto, e mais 15 agricultores fundaram a Apan-fe, a Associação dos Produtores de Agricultura Natural de Maria da Fé – "mas também dos que têm fé”.
O método que José Batista conheceu e resolveu adotar para o plantio de banana numa área de 8 hectares é o ensinado pela Korin Agropecuária, uma empresa brasileira com filosofia baseada na agricultura natural preconizada por Mokiti Okada, de absoluto e total respeito à natureza. Além de ensinar o método e auxiliar os agricultores na implantação, a empresa também produz o frango verde e uma lista de 64 tipos de produtos agrícolas entre frutas, legumes e verduras, além de ovos, água mineral, café, sucos e o composto orgânico chamado Bokashi, recomendado para a recuperação do solo.
Cerca de 80 agricultores são atendidos em Minas, São Paulo, Rio, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Goiás e Pernambuco, "onde são planejados os cultivos e colheitas, cruzando-se as condições geoclimáticas de cada local para tornar possível o fornecimento dos produtos para um número maior de pontos-de-venda", informa Reginaldo Morikawa, gerente-comercial da Korin. Segundo José Batista, o alimento natural é mais caro, por que ainda é produzido em pequena escala, "mas, em compensação, tudo o que a gente planta, vende. Infelizmente, só atendemos a 1% dos consumidores. Tem 99% esperando. Estamos produzindo o máximo, e o mercado quer mais", afirma o produtor de Maria da Fé.
NATURAL X ORGÂNICA
Em Nova Resende, no Sul de Minas, outra voz que grita contra os agrotóxicos é a de Carlos Martins: "Nunca mais planto com a agricultura convencional, porque não quero ver minha família morrendo com o veneno nem os que vão comer o que planto." Ele é dono de 50 hectares plantado com café, cana, mandioquinha-salsa, cenoura e beterraba. Só 15 hectares, reservados para a mandioquinha, estão dentro dos critérios da agricultura natural. No restante da área, ele ainda utiliza esterco, um adubo típico da agricultura orgânica e não da natural.
"Essencialmente, um tipo de cultivo difere do outro nos conceitos de utilização do solo. Na agricultura natural, a busca da produtividade e do equilíbrio das pragas e doenças é consolidada pela constante melhoria do solo obtida através de manejos que respeitam sua natureza. Daí, a não utilização de matéria orgânica como fonte de nutrientes semelhantes a um adubo. Essa conduta ataca apenas os sintomas, meros indicadores de manejo deficitário do solo. Neste, sim, reside a verdadeira origem dos problemas", explica Sérgio Homma, gerente agrícola da Korin.
"O adubo, ecologicamente, não está correto", frisa outro agricultor mineiro, Pedro Oda, de Cambuí, também no Sul do Estado. Também é contrário à contaminação do ambiente, do alimento e do consumidor, ele adota a agricultura natural há cinco anos. Hoje, sua produção é um dos destaques da Korin: o morango.
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