
A relação entre os sentimentos humanos e as catástrofes naturais
É importante saber que, através de todos os absurdos que vêm assolando a humanidade, o meio ambiente está pedindo socorro. Além de medidas urgentes, conscientes e eficientes. Mas que não são responsabilidade apenas dos órgãos governamentais. Dependem principalmente da consciência, da mudança de sentimentos e de ações concretas dos cidadãos.
É possível que alguém pense o que tem a ver o aquecimento global ou as catástrofes naturais, por exemplo, com o sentimento de um indivíduo somado a um universo de pessoas e sentimentos. Pela lógica comum, nenhum. No entanto, Mokiti Okada (1982-1955) escreveu que “os maus pensamentos, más palavras e más ações do ser humano influenciam o Mundo Espiritual, gerando máculas. Quando a quantidade de máculas acumuladas ultrapassa certo limite, surge uma espécie de toxinas que causará distúrbios na vida humana, e então ocorre a purificação natural. Essa é a Lei do Universo. O vento dispersa as impurezas e a água as lavam: eis o que é tempestade. Desde os tempos remotos os tufões e as inundações são considerados calamidades naturais. Todo mundo os aceita como fenômenos inevitáveis. No meu ponto de vista, entretanto, são calamidades humanas. Por essa razão... podemos compreender como os pensamentos se tornaram maus, quantas más palavras são pronunciadas e quantas más ações são praticadas.”
Desconhecendo o lado espiritual das catástrofes naturais e dos problemas do meio ambiente, muitos indivíduos já se preocupam como ficará a situação mundial depois que o Protocolo de Kyoto expirar. O temor dos especialistas é que a luta mundial contra as mudanças climáticas irá fracassar se os países ricos não apresentarem meios criativos para financiar o desenvolvimento limpo de nações pobres. Foi o que afirmou recentemente um alto funcionário da ONU. "Não vamos ver um grande envolvimento dos países em desenvolvimento se não começarem a ser mobilizados recursos tecnológicos e financeiros significativos", declarou à imprensa o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – UNFCCC, Yvo de Boer.
Perspectivas ambientais
Inundações de cidades costeiras, o avanço da dengue, a queda no cultivo de algumas culturas, a dificuldade para a produção de energia, a extinção de 24% de 138 tipos de árvores no cerrado: estas são apenas algumas cenas presentes no futuro do Brasil descritas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC – diante da possibilidade de um aumento da temperatura e do desmatamento, se nada for feito para lidar com a situação.
Os cientistas do IPCC também divulgaram algumas de suas principais conclusões sobre a situação da América Latina: 178 milhões de pessoas poderão enfrentar graves problemas para ter acesso à água, o número de famintos pode aumentar em 85 milhões de pessoas até 2080 e os prejuízos chegar a US$ 300 bilhões por ano. A partir de 2080 também três milhões de pessoas poderão ser vitimadas por enchentes marítimas e 36 milhões correr riscos constantes.
Para desenvolver suas projeções, estes cientistas se basearam em cenários que prevêem para 2080 o aumento da temperatura de 1°C a 7,5°C, pois no Brasil foi registrado nas últimas décadas um aumento de 0,5°C. Segundo seus estudos, um dos mais graves efeitos da mudança climática no mundo será a elevação do nível do mar. O IPCC estima que o aumento no nível do mar pode ser de 1,3 metro até 2080, provocando enchentes, migração de populações em busca de locais seguros, salinização de terras, impacto nas fontes de água potável, no turismo e na agricultura.
Essa elevação não será de um instante para o outro nem de muitos metros inicialmente, como num grande tsunami. O que não quer dizer, de forma alguma que esse fenômeno será lento o suficiente para ninguém precisar se preocupar desde já. Como informou Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, Ilhas na Oceania já estão registrando perda de território pelo avanço do mar.
A semana em que o “sertão quase virou mar” mesmo
Na primeira quinzena de abril, os noticiários de todo o país mostraram a situação caótica de diversas cidades da região Nordeste do país: centenas de desabrigados pelas inundações, pessoas com água pela cintura tentando salvar objetos de suas moradias ou atravessando o que antes eram ruas. Será ironia do destino: logo a região mais árida do Brasil sofrendo com enchentes? Ou a concretização da “profecia” dos músicos Sá e Guarabyra (afinal, eles fizeram uma canção – Sobradinho – que dizia que “o sertão vai virar mar”)? Ou ainda fruto do aquecimento global: resultado da ação desmedida e ambiciosa do homem sobre a natureza?
O que aconteceu, segundo meteorologistas da ONU, é uma conseqüência do fenômeno La Niña no Oceano Pacífico. Eles afirmam que as temperaturas globais este ano serão mais baixas do que em 2007 devido aos seus efeitos. Michael Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), explicou à BBC que o La Niña, corrente oceano-atmosférica que resfria as águas do mar, deve perdurar até o verão, resfriando as temperaturas em todo mundo em até um grau.
O La Niña e o El Niño são dois fenômenos que atingem o Oceano Pacífico e podem afetar o clima globalmente. Enquanto o El Niño aquece o planeta, o La Niña, o resfria. Segundo as previsões, em 2008, as águas do Pacífico estarão sob os efeitos do La Niña.
30 anos antes do previsto
O gelo do Ártico está derretendo muito mais rápido (30 anos) do que o previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática. Isso significa que o oceano localizado na parte superior do globo terrestre pode ficar sem ou quase sem gelo no verão até 2020, ou seja, três décadas antes das previsões mais sombrias do painel (2050). “A ausência de gelo no Oceano Ártico durante o verão seria um grande estímulo ao aquecimento global”, afirmou Ted Scambos, glaciologista do Centro Nacional de Neve e Gelo no Colorado, EUA. "O Ártico ajuda a manter a Terra fria. Sem esse gelo, ou com muito menos, a Terra vai aquecer muito mais rápido".
Para resolver estes desafios, é preciso repensar o estilo de vida da humanidade e adotar tecnologias para cortar, por exemplo, as emissões de dióxido de carbono (CO2) no mundo, enfrentando a problemática na área de energia com seriedade e maior consciência.
Claude Mandil, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia – AIE, lembrou que a previsão é que o consumo de energia suba quase 50% até 2030, sendo que a principal fonte dessa energia é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão de gás natural. Mas, de acordo com ele, essa situação é insustentável. O mundo está produzindo cerca de 25 bilhões de toneladas de CO2 por ano, e essa quantidade cresce cerca de um bilhão de toneladas a cada dois anos. De acordo com Mandil, a meta deve ser eliminar um bilhão de toneladas de emissões de CO2 por ano.
Ele citou como alternativas a substituição de usinas termoelétricas por usinas de emissão zero, usando a energia solar, a eólica (dos ventos), a nuclear, além da iluminação mais eficiente e da captação e armazenamento de carbono (CCS), que podem ajudar a reduzir as emissões de CO2.
Medidas simples de economia de energia, passíveis de serem adotadas por qualquer indivíduo, podem cortar as emissões de carbono. Exemplo: até 2020, com a simples atitude de adotar lâmpadas mais eficientes, pode haver uma economia de cerca de 122 bilhões de dólares e quase um bilhão de toneladas de emissões de dióxido de carbono serão evitadas no mundo todo. “Existem grandes medidas que todos nós podemos tomar na economia de energia e no gerenciamento do desperdício. Dá para ser muito positivo, em vez de ficar falando do lado negativo da mudança no clima", enfatizou Miles Templeman, diretor-geral do Instituto de Diretores da Grã-Bretanha.
A AIE, que assessora 26 países ricos, diz que as medidas de economia podem reduzir as emissões em até 5.000 bilhões de toneladas até 2030. Isso provocaria uma economia de cerca de oito trilhões de dólares nas contas de energia elétrica dos consumidores, além de economizar três trilhões de dólares na construção de usinas de energia que se tornariam desnecessárias.
Uma história muito antiga
Gigantescas erupções vulcânicas ocorridas há 55 milhões de anos na costa leste da Groenlândia e nas ilhas britânicas causaram um aquecimento global, revelou uma equipe internacional de cientistas recentemente. Estas erupções também separaram a Groenlândia da Europa para dar origem ao Atlântico norte. Eles confirmaram esta hipótese analisando dados geológicos e fósseis marinhos, as enormes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e de metano liberados na atmosfera. Segundo eles, estas atividades vulcânicas fizeram as temperaturas subir 5ºC na superfície do oceano nos trópicos e seis graus nas águas árticas.
Este estudo mostra como o planeta Terra responde à emissão de importantes volumes de gases causadores do efeito estufa – como o dióxido de carbono (CO2) – na atmosfera e demonstra o vínculo entre um evento vulcânico e o início de um período de aquecimento planetário, destacaram os autores deste trabalho, divulgado na revista americana Science.
"Há sinais na história marinha do globo deste aquecimento planetário, assim como índices geológicos que testemunham erupções vulcânicas no mesmo período", explicou Robert Duncan, professor do colégio de Ciências Oceânicas e Atmosféricas da Universidade do Oregon, um dos co-autores do trabalho. "Até agora não tinha sido estabelecida uma relação direta entre estes acontecimentos", acrescentou.
O maior desafio do século 21
"Hoje em dia, a comunidade internacional está amplamente de acordo em estimar que a mudança climática vai constituir um dos maiores desafios do século 21", lembrou o diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsuura.
Segundo o IPCC, a América Latina pode enfrentar mais furacões, secas, tempestades, chuvas de granizo e a desertificação nos próximos anos. "Entre 2000 e 2005, a região teve 2,5 vezes mais fatores climáticos extremos do que entre 1970 e 2000 e esta é a tendência", advertiu a especialista Graciela Magrin, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) e integrante do Instituto do Clima e Água da Argentina.
A Organização Mundial da Saúde – OMS – ressalta que a mudança climática terá entre suas conseqüências um aumento da má nutrição e das doenças infecciosas e respiratórias, que afetarão especialmente as crianças. O organismo internacional prevê, além disso, um aumento das mortes, doenças e feridos em conseqüência de fenômenos meteorológicos extremos, como inundações, tempestades e ondas de calor.
A OMS cita como exemplo a morte de 35 mil pessoas na Europa por causa da onda de calor de 2003.
O aquecimento global traz impactos para a saúde pública de todos os países e só através da colaboração internacional esse desafio poderá ser vencido – é o que alertou a OMS. Também aumentarão as doenças diarréicas e outras relacionadas à alimentação, além das cardiorrespiratórias, como conseqüência das crescentes concentrações de ozônio na atmosfera. Com o aquecimento global, as autoridades de saúde também temem que doenças tipicamente tropicais, como a malária e a dengue, atinjam os atuais países mais frios do Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul, alagamentos em algumas regiões podem fortalecer ainda mais essas doenças; em outras, a seca pode levar à desidratação e à desnutrição. A poluição do ar ainda promete mais casos de asmas, bronquites e outros problemas de ordem respiratória, além de alergias. Também devem aumentar os casos de doenças ligadas ao estresse, que afetam o coração, a circulação e os pulmões. Entre as recomendações feitas pela agência das Nações Unidas está o fortalecimento da vigilância sanitária e o controle de enfermidades infecciosas.
Embora o cenário seja assustador, o importante é saber que cada pensamento, palavra ou ação individual pode estar contribuindo tanto para o aumento como para a diminuição dos problemas ambientais, sociais e individuais. Mokiti Okada orienta “que há uma maneira extremamente fácil de eliminar os problemas: basta que a situação se inverta, ou melhor, que os pensamentos, as palavras e as ações do homem se tornem bons. Em outros termos: através do bem, purificar o mundo espiritual maculado pelo mal. Nesse caso, o bem se transforma em luz para eliminar as máculas.”
Em resumo: por mais que medidas governamentais reguladoras e ações não governamentais precisem ser implementadas para se evitar as calamidades, se o homem não elevar o seu pensamento e cultivar o sentimento de gratidão pelo mundo onde vive, respeitando suas leis naturais, sem dúvida perderá não só a água, o ar, a natureza, mas também a essência do seu viver, a razão de sua própria existência.
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